Acham que é de hoje?
Pois é,
não é .

O presente é o reflexo do passado.

Por - Anderson Schmidt.

A corda pode arrebentar e gerar um "desconforto" tremendo para todos os brasileiros após as próximas eleições.

Sabe-se que as urnas eletrônicas são motivo de discussões em rodas de bar e conversas nas redes sociais, sendo geralmente colocada em evidência a credibilidade destas.

O assunto a seguir conta partes de algo que ocorreu a exatamente 100 anos e pelo visto não é muito diferente dos dias atuais. Ou quase isso...

 

Atentem-se aos fatos passados para preverem o futuro e evitar calamidades iminentes.

 

O resultado é bem interessante e o ocorrido aqui é colocado de uma perspectiva não contada em livros, pois quem ganha a guerra é que conta a história.

 

Qualquer semelhança pode não ser mera coincidência.

Epílogo

As eleições de 1922.

No Brasil, que ainda era militarizado em partes, aliás, o mundo da época era militarizado, foi lançada uma fake news servindo de estopim para afloração de sentimentos reprimidos de boa parte da população, gerando investigações, prisões e rebeliões além de um baita mal estar que movimentou o mundo da política Nacional.

        {5 meses antes das eleições de 1922, os começaram os ataques de supostas fake news}.

 

As frases foram atribuídas a Arthur Bernardes, candidato eleito no ano de 1922, divulgadas pelo jornal carioca Correio da manhã:

 

'"O candidato, por meio de uma carta teria chamado os militares de “essa canalha” e o marechal Hermes da Fonseca, ex-presidente da República, de “sargentão em compostura”. Um banquete oferecido a Hermes pelo Exército, que desejava a volta do marechal ao poder, foi classificado de “essa orgia”. Para Bernardes, os “generais anarquizadores” precisavam “de uma reprimenda para entrar na disciplina."'

[veja a publicação logo mais abaixo]

 

Na verdade duas foram as cartas .

A outra carta dizia que Bernardes, se referindo a Nilo Peçanha, o igualara a um “moleque capaz de tudo” e escreveu aínda que não tinha medo das "classes armadas"...

Os supostos falsários teriam vendido ao jornal depois de serem oferecidas tanto para o grupo oligarca quanto para o grupo que os militares haveriam de  apoiar.

As supostas "comprovações" que tais cartas seriam de falsários, vieram por exames grafotécnicos, encomendados pelos organizadores das eleições.

Porém...

O burburinho ecoado pelos corredores do palácio do Catete sendo reflexivo às ruas, perdurou por um longo tempo pois o grupo que apoiava o candidato que não ganhara as eleições, Nilo Peçanha, também fizeram exames grafotécnicos sendo comprovada a autoria das cartas, atribuindo-as ao candidato Arthur Bernardes, o candidato da oligarquia corrupta e dominante da Primeira República.

A fake news.

A fake news. imagens: Biblioteca Nacional Digital Fonte: Agência Senado

Os Militares e as Eleições.

"Seriam fake as cartas ou um desabafo de um pensamento, formado pelo ego de ter um apoio popular, de gente que gostava de ser capacho de certas benécias que os escravizavam com votos de cabresto de Coronéis Oligarcas?"

O Militares, que não tinham em quem se apoiar, pois a saída do Marechal Hermes da presidência da República os deixaram enfraquecidos com o governo de Epitácio Pessoa, ficando contra Bernardes  começando a apoiar com seu brio a candidatura de Nilo Peçanha para a presidência.

Outrora encabeçando a derrubada da monarquia os deixaram em situação de pais da nova república e não gostando do rumo que a política estava tomando com o controle dos Estados sobre o Governo Federal precisavam de alguém que os apoiassem na Presidência. Também, a situação de mais tempo sem o apoio Presidencial imaginavam que poderíamos sofrer algum ataque externo devido a dissolução e o atraso de tecnologia no poderio bélico do país.

Na época, as eleições eram diferentes de como é conhecido nos dias de hoje...

Por 40 anos (1889-1930), as eleições presidenciais eram previamente decididas por líderes políticos dos estados mais ricos e populosos sendo eles São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com o apoio dos estados de segunda grandeza, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.

Aos políticos dos outros estados restava aceitar o presidenciável já definido e para a eleição de 1922, o candidato oficial das oligarquias foi Arthur Bernardes.

Marechal Hermes e sua luta contra a corrupção .

A história começa quando o General Hermes da Fonseca ainda presidia o país.

"O descontento por parte dos militares".

Na época houve uma ruptura no militarismo, devido ao não cumprimento de acordos com os marinheiros, na revolta da Chibata, não se sabe o porquê destes acordos não serem cumpridos, mas o descontentamento, dentre os militares, obrigaram o governo federal a exonerar e prender diversos dos que, de alguma forma, causariam ações de guerra interna.

 

" A percepção de poder paralelo"

Durante sua presidência foram realizadas a chamada Política das Salvações, que, seja através de manobras eleitorais ou uso de força militar, tentou promover intervenções federais nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia, Piauí, Ceará e Alagoas.

Com a intenção de por fim aos esquemas políticos estaduais e a prática de corrupção.

Apesar de obter sucesso nos estados de Pernambuco, Bahia e Alagoas, a Política das Salvações provocou violenta oposição política, entrando em luta armada,  conseguiram derrotar o governo.

Os combates mais violentos acontecendo no Ceará, onde políticos estaduais se aliaram ao popular padre católico Cícero Romão para se opor a intervenção do governo no que ficou conhecido como Sedição de Juazeiro.

" Os movimentos sindicais que inviabilizavam o crecimento econômico".

Com as mobilizações sindicais cada vez maiores no Rio de Janeiro, o presidente Hermes tomou uma atitude até então inédita na Primeira República, patrocinou, em 1912, transportando e fornecendo instalações, a realização do IV Congresso Operário Brasileiro, tal ação do governo geraria debates e contribuiria para o crecimento econômico Nacional, porém, foi vista com desconfiança por líderes sindicais, que desgostando, se opuseram à corrente sindicalista "amarela", (que buscava colaboração com o governo), tirando assim seus privilégios diante da classe operária.

" Os feitos realizados."

Em seu governo ocorreu nova renegociação da dívida externa brasileira, em 1914, pois a situação financeira do Brasil não era das melhores, devido a corrupcão, instaurada como base governamental de Governadores Estaduais, chamados de  "Presidentes".

Sua política externa manteve a aproximação com os Estados Unidos, traçada pelo chanceler barão do Rio Branco.

No plano interno, prosseguiu o programa de construção de ferrovias, incluindo a ferrovia Madeira-Mamoré e de escolas técnico-profissionais, delineado no governo Afonso Pena.

Instalou a Universidade do Paraná, concluiu as reformas e obras da Vila Militar de Deodoro e do Hospital Central do Exército (HCE), além das vilas operárias no Rio de Janeiro, no subúrbio de Marechal Hermes e no bairro da Gávea.,entre outras.

 

Não obstante, aos poucos formando opiniões contrárias, em que também foram realizados atos contundentes, sua popularidade ficou abalada, mas ainda mantia prestígio por sua conduta honesta e pelo carisma de sua esposa, filha do Barão de Tefé, uma verdadeira primeira dama.

As rebeliões e as trapaças eleitorais.

 

Segundo os "historiadores",  os militares mais jovens, de "patentes mais baixas" não concordando com o resultado, pois as falácias e defesas de opiniões sobre acusações de fraudes não se firmaram no convencimento de que as eleições tivessem ocorrido de forma idônea.

Não sendo verdade a fala dos historiadores atuais, pois muitos dos generais apoiadores do ex presidente também se rebelaram contra a forma em que foram realiadas as eleições.

         "Começam as rebeliões. Prisões e mortes foram decretadas, sob o pretexto de estado de Sítio por parte do governo oligarca corrupto."

Parte dos militares juntamente com cidadãos civis, promoveram chamados por eles, os historiadores, de "insurreições", que supostamente foram acobertadas pelo Marechal Hermes que na época presidia o clube militar,  lhe rendendo a primeira das prisões, ordenadas pelo então atual presidente oligarca, Arthur Bernardes, que enfraqueceram fisicamente, o deixando extremamente doente, vindo a falecer no ano seguinte.

As "manifestações" destes militares geraram um movimento chamado de "Movimento Tenentista", formado por militares de patentes mais elevadas e  fiéis ao governo, seja lá qual fosse os motivos desta fidelidade, agindo na  repressão destes grupos que genuinamente não concordavam com o resultado das eleições. 

O levante Tenentista mais famoso foi a malograda Revolta dos 18 do Forte, no Rio de Janeiro, em julho do mesmo ano, contra a posse do presidente eleito.

Tamanha repressão perdurou por cerca de mais seis anos devido ao enorme grupo de pessoas contrárias aos resultados das urnas, pois alegavam fraude escancarada e a morte do estimado ex Presidente Marechal Hermes da Fonseca.

Para garantir que Arthur Bernardes conseguisse assumir o Palácio do Catete em novembro de 1922, o então atual presidente Sr. Epitácio Pessoa, decretou atos normativos e o novo presidente governou todos os quatro anos de seu mandato sob estado de sítio, que somente foi revogado no mandato de Washington Luís.

 

Entretanto, trapaças certamente ocorreram já que na época eram os próprios políticos que cuidavam de toda a eleição, inclusive das contagens dos votos. Não havia um órgão Idôneo para que tivessem eleições justas.

Agência do Senado.

Os brasileiros foram às urnas em março de 1922.

 

Arthur Bernardes foi eleito o 12º presidente do Brasil com 467 mil votos.

Nilo Peçanha recebeu 318 mil votos.

Votos apenas de eleitores homens pois na época as mulheres não tinham direito ao voto, vindo somente este direito a ser reconhecido 6 anos mais tarde.

 

Toda forma de pensar sobre as Eleições devem ser pautadas na verdade, na idôniedade e na auditoria, não havendo lugar para desconfianças.

As eleições de 1922 fora uma das eleições mais acirradas da Primeira República.

Muitas das formas de contar a verdade são realizadas conforme a conveniência de quem as conta, aqui colocando apenas partes de um todo, mostrando a corrupção entre o coronelato e os políticos da política do café com leite, praticado pelos oligarcas (centrão), mostramos a justificativa do porquê de haverem muitos dos adeptos a não concordarem com os resultados das urnas.

As fake news nem sempre são fake, mas são chamadas assim para satisfazer os desejos mais exclusos e vis que se possam ter, calando a verdade da boca dos que presenciaram o ocorrido.

 

A lição que tomamos de ontem pode virar lição para os que olharem para o passado no dia de amanhã.

 

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FONCECA, Walter, Fonseca, uma Família e uma História, Editora Fonseca, 1982.
Arthur Bernardes

Casamento do coronel Hermes.

Escritor. Colunista. C.E.O. do site direitacapital.com. JORNALISTA. Diretor de imprensa.

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